-grafia no Prêmio MCB

O Museu da Casa Brasileira (MCB) divulgou recentemente o resultado do seu 34o prêmio. E, para nossa alegria, lá estava o -grafia representado pela tese de Sérgio Luciano da Silva, que recebeu Menção Honrosa na categoria Trabalhos escritos não publicados, e a de Emerson Nunes Eller, que ficou entre as selecionadas nessa mesma categoria.

Os fundamentos ontológicos das relações entre design e arte é o título da tese de Sérgio Luciano defendida no PPGD-UEMG em 2019, com orientação de Dijon Moraes Junior. Sobre o Dijon, teríamos que abrir uma nota separada, pois também foi premiado o seu mais recente livro, Escritos de Design: um percurso narrativo. Sobre a tese, pode se dizer que seu propósito é explicitar os fundamentos compartilhados entre design e arte a partir da seleção de conceitos de natureza ontológica extraídos da obra de Platão, Aristóteles, Kant e Heidegger. Tais conceitos são repensados na contemporaneidade em contraposição a teóricos do design como Vilém Flusser, Rafael Cardoso, Tomás Maldonado e Gui Bonsiepe, estudiosos da arte como Arthur Danto, Thierry de Duve e Philippe Lacoue-Labarthe, e contextualizados na arte de Marcel Duchamp e Andy Warhol e no design de Philippe Starck.

Já a tese Convergências tipográficas: uma análise crítica de impressos luso-brasileiros dos séculos XVIII e XIX como um fundamento para práticas contemporâneas em design de tipos resultou do doutoramento do Emerson em Belas-Artes, na especialidade de Design de Comunicação, na Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, no ano de 2020. A orientação foi do professor Jorge dos Reis, nosso parceiro desde sua vinda ao Brasil e sua visita à Escola de Design, em 2012, com coorientação de Sérgio Antônio Silva, que vem trabalhando com o Emerson desde o mestrado no PPGD. Em uma primeira fase, a tese apresenta uma profunda investigação sobre a introdução da tipografia no Brasil e sua relação com Portugal, revelando aspectos sobre a consolidação da cultura do impresso nos dois países, tendo Minas Gerais um destaque nesse processo. Em um segundo momento, discute parâmetros e métodos de interpretação tipográfica, apresentando uma fundamentação para a produção de fontes digitais com raízes históricas. Assim, além de contribuir para a expansão do conhecimento histórico da tipografia brasileira, o trabalho propõe a apropriação de artefatos do passado como referencial visual e técnico para promover uma convergência com práticas tipográficas contemporâneas.

Vale lembrar que tanto Sérgio Luciano quanto Emerson Eller estiveram na lista dos premiados em 2012 e 2014, respectivamente, com suas dissertações, ambas do PPGD e orientadas por Sérgio Antônio. De lá pra cá, muita coisa aconteceu, o grupo se fortaleceu e hoje só temos a agradecer e comemorar o reconhecimento do nosso trabalho no MCB, o que muito nos orgulha e nos move no sentido de mantermos firmes nossos laços de pesquisa, produção e amizade.

Ainda sobre esta 34a edição do Prêmio MCB, haveria muito a dizer. Além do livro do Dijon de Moraes, já mencionado, o PPGD-UEMG – do qual o Dijon já não é membro efetivo, por ter se aposentado e decidido deixar certas tarefas de lado, mas do qual ele foi um dos fundadores e um pesquisador atuante, nos últimos dez anos, fechando com chave de ouro sua participação no programa, com a orientação da tese do Sérgio Luciano –, nessa edição do Prêmio que sabemos muito concorrida, teve outras duas pesquisas selecionadas na categoria Trabalhos escritos não publicados: a dissertação A prática do design gráfico: um estudo sobre o campo de atuação profissional, de Mariana Misk Moysés, com orientação da professora Maria Regina Álvares Correia Dias; e a tese Design Arte: um olhar sobre uma das vertentes do design brasileiro no século XXI, de Adriana Nely Dornas Moura, com orientação da professora Marcelina das Graças de Almeida. Registramos aqui nossos parabéns às autoras, às orientadoras e ao Dijon. E que venham outros prêmios!

O Prêmio Design MCB é realizado desde 1986 pelo Museu da Casa Brasileira. A premiação revela talentos e consagra profissionais e empresas. O Prêmio é dividido em dois momentos principais: o Concurso do Cartaz e, em seguida, a premiação dos produtos e trabalhos escritos. Entre junho e agosto, o MCB recebe diversas produções nas categorias: Construção, Transporte, Eletroeletrônicos, Iluminação, Mobiliário, Têxteis, Utensílios e Trabalhos Escritos. Os inscritos são analisados por duas comissões julgadoras independentes, uma para as categorias de Produtos e outra para Trabalhos Escritos. Por fim, são escolhidos os premiados, divididos entre 1º, 2º e 3º lugares e menções honrosas, além dos selecionados.

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